1 - Viagem Pela História de Angola

Uma viagem através dos tempos, povos, personagens e acontecimentos que moldaram a História de Angola.

Nome:
Localização: Cranbrook, Colômbia Britânica, Canada

Helder Fernando de Pinto Correia Ponte, também conhecido por Chinguila nos seus anos de juventude em Luanda, Angola. Nasceu em Maquela do Zombo, Uíge, Angola, em 1950. Viveu a sua meninice na Roça Novo Fratel (Serra do Cusso) e na Vila da Damba (Uíge), e a sua juventude em Luanda e Cabinda. Frequentou os liceus Paulo Dias de Novais e Salvador Correia, e o Curso Superior de Economia da antiga Universidade de Luanda. Cumpriu serviço militar como oficial miliciano do Serviço de Intendência (logística) no Exército Português em Luanda e Cabinda. Deixou Angola em Novembro de 1975 e emigrou para o Canadá em 1979, onde vive com a sua esposa Estela (Princesa do Huambo) e filho Marco Alexandre. Foi gestor de um grupo de empresas de propriedade dos Índios Kootenay, na Colômbia Britânica, no sopé oeste das Montanhas Rochosas Canadianas.Gosta da leitura e do estudo, e adora escrever sobre a História de Angola, de África e do Atlântico Sul, com ênfase na Escravatura, sobre os quais tem uma biblioteca pessoal extensa.

sábado, março 15, 2025

1.7 Anos de Guerra e Progresso Económico e Social

 

Antiga fazenda da firma Gomes & Irmão, Lda. em Belas, a sul de Luanda, que fornecia carnes à cidade.


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Ciclos económicos na História de Angola

Tráfico de escravos

São Jorge da Mina

Cristãos Novos e o Açucar em São Tomé

Chegada de Diogo Cão à foz do Congo 

Relações amistosas com o Reino irmão - Rei Dom Afonso

Pinda (Sonho) e o tráfico de escravos para São Tomé

Conquista e ocupação - Regime de Simão da Silveira

A Carta de Donatário de Paulo Dias de Novais

A inspecção de Domingos de Abreu e Brito

Primeiras entradas para o sertão - Curso do rio Cuanza - Cambambe, Muxima, e Massangano

A fundação de Benguela, Novo Redondo, e Catumbela

Escravos do Planalto - os presídios de Caconda e Quilengues

Aceleração e expansão da escravatura e tráfico transatlântico de escravos América Espanhola, Brasil, Caraíbas, Colónias inglesas da América do Norte, Estados Unidos, e Cuba

As reformas pombalinas do governador Inocêncio de Sousa Coutinho

Abolição da escravatura e do tráfico

Independência do Brasil

 e policiamento das águas do Atlântico Sul por escoltas da Marinha Inglesa

Transição para economia de exploração colonial 

Crise económica aguda

Campanhas militares de ocupação

Pacificação

Cera, urzela

O ciclo da Borracha - Cuango, Malange, e Lunda

O consulado de Norton de Matos

Ocupação administrativa

Diamantes e Diamang

 

Mapa da concessão para a prospecção e exploração de diamantes concedido pelo governo português à Diamang (Companhia de Diamantes de Angola), edição de 1933.

 

Produtos coloniais - Açúcar Fazenda Tentativa em Caxito e Cassequel em Catumbela

Imigração da Metrópole

Algodão, 

Café no Ambaca, Seles, e Congo

Luta de Libertação e expansão económica

Petróleo - Petrofina, Petrangol, e Cabinda Gulf Oil

 

Evolução da Cobertura Administrativa de Angola (1912 – 1973) Norton de Matos - até antes da Independência

Ano

Distritos

Concelhos

Circunscrições Militares

Postos Administrativos

Povoações Comerciais

1912

7

12

25

60

 

1924

8

23

35

75

125

1955-1962

13

56

19

229

1336

1973

15

105

 

349

1256

 

Comércio de Mercadorias no Interior ainda não pacificado

 

Funantes, Pumbeiros, Aviados e Avançados

Vendiam Panos de riscado, lenços de cabeça, missangas, catanas, enxadas, botões, alfinetes de ama, produtos enlatados, tabaco, chapéus, cobertores de algodão, peças de vestuário, bebidas alcoólicas (incluindo vinho e águardente), adornos para mulheres, bijuterias, bugigangas, pólvora, armas de piston (que eram artigos proibidos),

Compravam marfim, borracha virgem, cera, peles, urzela

Depois de selecionarem e quantificarem toda a pacotilha, o funante arranjava ou tinha carregadores para transporte de mercadoria e tipoieiros para ele, e normalmente era acompanhado de um guia ou segurança. Tudo pronto, incluindo a sua alimentação e do pessoal, seguia para o interior, para o que era obrigatória a autorização ou licença passada pela autoridade militar.

Já que não podia entrar num sobadosem se dirigir em primeiro lugar ao soba, a quem ao ir comprimentá-lo, pagava o tributo em mercadoria, para poder vender e comprar, ou melhor permutar na sua área. O soba chegava a fornecer-lhe alojamento e às vezes uma rapariga para lhe aquecer os pés.

Logo que despachada a mercadoria e armazenado o resultado da permuta, regressava à base de onde tinha partido. Com a fixação do comércio no interior,o funante passou a ser uma figura que tinha passado de uso, e até algumas vezes lendária, como o funante Fraga, que Henrique Galvão descreveu na sua obra Outras Terras, Outras Gentes.

A segunda figura do mato que substituiu o funante foi o aviado. O aviado era o indivíduo que se fixava no interiore que era bastecido das suas necessidades pessoais e comerciais exclusivamente por um único armazenista, com o qual tinha uma conta corrente e que assim podia permanecer por toda a vida. Ou então, graças a muitas economias, pagava o débito que tivese e adquiria a sua independência.

Esta figura do aviado desapareceu há muito, restando por último o pequeno comerciante do interior que se abastecia onde melhor preço e condições lhe eram oferecidas.

Todos estes homens foram à sua maneira os grandes povoadores do sertão, que posteriormente ou se casavamcom alguma rapariga da sua terra natal, com a filha de algum colega,, ou arranjavam alguma companheira.

Comerciante do Mato

Evolução histórica do dinheiro em Angola
 
 
Nota de 500 Angolares emitida pelo Banco de Angola em 1926

 
 
Meios de troca pré-coloniais - Troca directa
Economia de subsistência
Algumas mercadorias em troca de long distância
Relevância dos mercados tradicionais
Rotas de comércio ao longo dos rios ou locais em que rios se encontram
No tempo pré-colonial os escravos não eram mercadoria

Zimbo
 
 
O Zimbo, extraído da Ilha de Luanda, e usado como meio de troca no Antigo Reino do Congo, antes da chegada dos portugueses ao Congo

 
 
Sal
A compra e venda de escravos
Mabelas de ráfia, Missangas, e Libongos
Cruzetas de Cobre
 
Quibandas eram tributos de passagem pago aos sobras principais pelas caravanas de comércio no interior em troca de passagem segura por suas terras.
 
Artigos comerciados incluiam vendas de sal do litoral, panos (feitos na Índia), geritiba (aguardente de cachaça vinda do Brasil, e vinho de Portugal), pólvora e armas (vindas da Europa), e compra de escravos, alimentos locais (caça, gado, mandioca, cereais), marfim, mel, cera, urzela, e borracha.
 
As quibandas geravam um pagamento inverso, pago pelos sobas aos chefes das caravanas em forma de alimentos (mandioca e milho) ou gado. 
 
O ouro e a prata brasileiros eram utilizados como forma de pagamento através do Atlântico e como forma de transferência de riqueza acumulada para o Brasil e Portugal
 
Inflação foi um problema endémico na história económica de Angola.
 
Já no século XVII, o zimbo foi substituído como moeda por mabelas e libongos, que eram panos de ráfia de produção artesanal, que passaram a servir de meio de troca. 
Resistência á moeda - revolta dos soldados em Luanda contra o pagamento de soldo em dinheiro (macutas)


A Macuta - a primeira moeda cunhada em Portugal para uso em Angola em 1762


Só na segunda metade do século XVIII é aparece a primeira moeda em Angola - a macuta - que foi aceite inicialmente com certa resistência. As primeiras macutas usadas em Angola foram cunhadas na Casa da Moeda em Salvador, Bahia, Brasil.
 
Em 1865 o Banco Nacional Ultramarino com sede em Lisboa e agências em cada uma das províncias ultramarinas tornou-se o banco emissor. Em 1926, após uma crise monetária aguda, o Banco de Angola (um banco de propriedade mista) foi estabelecido em Luanda, como banco emissor até à Independência, passando a emitir notas e moedas em Angolares até 1954, quando a moeda mudou para o escudo.
 
Durante o período entre 1926 e 1965, o Banco de Angola operou num regime de quase monopólio, como única instituição de crédito ao comércio principalmente, e menos à agricultura e indústria, e credito pessoal. O Banco de Angola operou também como banco de pagamentos do Estado.
 
O primeiro banco comercial privado a estabelecer-se em Angola foi o Banco Comercial de Angola em 1957,  como uma extensão do banco português Banco Português do Atlântico. Com a política de abertura económica iniciada após-1961, em 1964 novos bancos começam a operar em Angola: o Banco de Crédito Comercial e Industrial, o Banco Totta Standard, e o Banco Pinto e Sotto Maior, todos de maioria de capital português (com excepção do Banco Totta Standard, que tinha também capital sul-africano), com agências  nos mercados mais importantes de Angola.
 
Outras instituições de créditoque operavam em Angola eram a Caixa Económica Postal, o Montepio Geral de Angola, e o Instituto de Crédito de Angola.
 
Reis - A primeira nota de banco (em papel) foi posta em circulação em 1865 pelo Banco Nacional Ultramarino
Escudos mais tarde
Angolares - Banco de Angola 1926
Escudos outra vez  1954
 
 
Eu lembro-me que o achado destas moedas antigas (do séc. XVIII) era um importante achado arqueológico, que me levou a compreender melhor quanto importante era a arqueologia como ciência auxiliar da história. Da mesma forma, esta insólita colecção de moedas antigas fez-me também pensar na história económica de Angola, que então completamente desconhecia. Infelizmente, nas coisas que deixei em Luanda estava a dita lata de flocos de aveia cheia de macutas históricas...
 
Moedas de Angola ao longo dos Tempos - a desenvolver
 

Segundo registos históricos, muito antes da Era Colonial Portuguesa, utilizou-se em Angola, colares formados por rodelas de conchas de caracóis e muitas outras conchas enfiadas em fios de fibras têxteis, como instrumentos de troca. Todavia, apesar da variedade de conchas, foi o Nzimbu (Zimbo), o pequeno búzio cinzento, um dos mais importantes e primeira moeda de troca em Angola.
 
O Zimbu, Njimbu ou Lumache, um búzio, teve"curso" de moeda de troca, por quase toda a Costa Ocidental Africana. Era a moeda do poder económico do Reino do Congo. Apareciam em toda a Costa Atlântica, mas os mais valiosos, de cor cinza, eram da Ilha de Luanda. Eram as mulheres nativas que os apanhavam, na contracosta da Ilha. Com o passar do tempo, o Zimbo começou a desvalorizar, a queda do valor do Zimbo, (1616) deu lugar ao "pano".
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O "Pano, ou Libongo, eram pequenos pedaços de tecidos, feitos à base de fibras de palmeira-bordão. (origem do Congo e Luango).
 
O Sal Foi outra mercadoria-moeda de troca, de larga circulação entre os povos locais.minas e as salinas. Em Angola, as mais importantes eram as de Ndemba na Quissama, onde o povo extraía as pedras com escopro; Também as salinas de Benguela.
 
O marfim, ocupou durante largos anos, lugar de relevo, no quadro de exportação , chegou a constituir, juntamente com os escravos, a principal fonte de receita do comércio com o exterior.
 
A Cruzeta de Cobre de tamanho e espessura variada. Foi a população da área Lunda que a introduziu no seu território, uma cruz concebida a partir do cobre em forma de X Romano.
 
O Cauris - Concha branca de rara beleza, a sua generalização em Angola e o Congo, teve lugar a partir do Séc. XVI e foi consequência de relações comerciáveis no mercado português, por via marítima a importação do Oriente.
 
As Fazendas / Mercadorias - Também moeda de troca, consistia em: Garrafas, espingardas, etc
 
A Macuta  - A 1ª Moeda de cobre do Reino Português, de 1644, introduzida pelo governador Jacques de Magalhães.

O Angolar - De 1910 a 1962, o Estado Colonial Português lança no mercado a emissão "Vasco da Gama"; As Cédulas do Banco Nacional Ultramarino, ,as "ritas", "chamiços", os #Angolares
 
e por último, o Escudo , em 1953, como unidade monetária no periodo colonial
 
Depois veio finalmente o #Kwanza .
Depois de algum tempo, chegou o "tempo novo", e com ele o Kwanza, a nova moeda de Angola.
 
O Kwanza tinha como fracção o Lwei, correspondente a cada Kwanza a cem Lwei. A 08 de Janeiro de 1977 o kwanza entra em circulação.
 

Apologia à mulher do colono que vivia no mato - Em qualquer das situações, as mulheres tornaram-se as grandes heroínas daqueles matos, onde lhe nasciam os filhos, os criavam e os educavam, às vezes muito além das suas posses.

Eles aguentavam-se, às vezes dia e noite, no seu comércio, naquela luta, que eu também conheci, da cambulação, do negócio, isto é com alguma deslealdade para com os seus colegas de profissão, arranjavam alguns nativos que nos caminhos da povoação comercial desviavam o vendedor da mercadoria para as suas lojas.

Mas voltando às mulheres, companheiras de uma vida de sacrifício, tomavam conta de casa, tratavam da alimentação, e tantas vezes ainda , nos trabalhos da máquina de costura à sua frente, faziam capulanas e outras roupas para que o negócio fosse mais completo e rentável. Sacrificavam toda uma vida com uma dedicação extrema pelo su homem e pelos filhos do casal, por quem eram capazes, dar a sua própria vida, se necessário.

Desta gente anónima não reza a história, mas eu, que vivi a maior parte da minha vida em terras das mais isoladas, vi-os com os meus próprios olhos e apreciei todo aquele sacrifício, aquela dádiva em prole da família. Quantos e quantos foram imolados pela sua dedicação total e absoluta.

Eu aqui e agora presto a todos e todas as minhas maioers homenagens por aquilo que foram capazes, e se já não contam no número dos vivos, aos seus filhos, hoje na casa dos 50 ou 60 anos, para que honrem a sua memória e os lemberm enquanto viverem.

Grandes exemplos para todos nós, grandes homens e grandes mulheres, grandes heróis e heroínas que só viveram para o trabalho e para os seus e que por isso viveram e morreram pobres.


Retomada de Nabuangongo pelo exército português, 9 de Agosto de 1961

 

 A Colónia de Angola 

Desafios e oportunidades:

Angola como colónia - Portugal potência colonial e país subdesenvolvido. Pacto colonial, protecção à indústria metropolitana, estratégia monetária da Zona do Escudo, e protecção à imigração portuguesa. Exíguo investimento português, níveis baixos de tecnologia e empreendorismo.

Métodos de exploração e produção antiquados - comércio, agricultura, pescas, e industrias transformadoras. Dependência  económica da exportação de café, diamantes, e (mais tarde) petróleo.

Banco de Angola como banco misto (propriedade privada e pública) e falta de accesso ao crédito. Sistema bancário incipiente. Rápida expansão da banca privada (Banco Comercial de Angola, 1957, Caixa Económica Postal, Banco de Crédito Comercial e Industrial, Banco de Fomento Nacional, Banco Totta Standard, Banco Pinto e Soto Maior, Instituto de Crédito de Angola). Ausência de mercados de capitais capazes de atraír poupança doméstica.

Inclusão da produção nativa na economia angolana - mercados rurais, regime de propriedade da terra, e problema de mão de obra rural.

Problema das transferências - Défices na balança comercial e na balança de pagamentos, sobrefacturação das importações

Custos da guerra: interrupção de circuitos comerciais e pressões inflacionistas

Abertura da economia angolana ao investimento estrangeiro - petróleo de Cabinda e ferro em Cassinga e porto mineraleiro de Moçamedes. Fim do regime de monopólio para a exploração de diamantes pela Diamang.


De Colónia a Província Ultramarina

Os 15 Anos entre 1961 e 197

Corrupção - A chaga da "Cunha" e do "mata-bicho"

 

18. Anos de Guerra

 A narrativa que aqui ofereço é baseada na experiência pessoal da minha juventude e compreende o período enter os meados da década de 1950 e a independência de Angola em 1975. Um período em que Angola era ainda uma colónia portuguesa. Em termos de estatuto legal, Angola foi uma colónia até 1951, província de 1951 a 1970, e depois passou a ser designada como estado, até à independência. 

 

Aviões militares da Força Aérea Portuguesa (FAP) na Base Aérea Nº9, em Luanda, 1960s

 

 

Inserida que estava no complexo colonial português, Angola continuava de facto a ser uma colónia de exploração. Todas as decisões mais importantes eram tomadas em Lisboa e a base do poder assentava no cargo de governador geral que era escolhido pelo ministro do Ultramar do governo português, e não eleito pelos residentes em Angola. 

Por norma, o cargo de governador geral era confiado a um oficial superior do exército português, sendo como muito poucas excepções um civil.

 
Quartel General da Região Militar de Angola do Exército Português, 1960s

 
19. Administração Central
 
O Estado Nov



 
Primeiro-Ministro do governo português durante o período do Estado Novo entre 1932 e 1968, António de Oliveira Salazar (1889-1968)


 
Constituição 1933, revisão de 1951
Organização do governo Central
Assembleia Nacional
Governo
Câmara Corporativa
 
Primeiro Ministro

Primeiro-Ministro Português (1968-1974) e Ministro das Colónias (1944-47), Prof. Dr. Marcello Alves Caetano (1906-1980)


Ministro do Ultramar (1958-1961) Almirante Vasco Lopes Alves (1898-1976), e Governador-Geral de Angola (1943-1947)
 
 
Contra-Almirante Vasco Lopes Alves (1898-1976), Governador -Geral de Angola (1943-1947), e Ministro do Ultramar (1958-1961)


Ministro do Ultramar Sarmento Rodrigues
 
 
Ministro do Ultramar (1950-1958) Almirante Sarmento Rodrigues (1899-1979)

 
Ministro do Ultramar Adriano Moreira
 
Ministro do Ultramar (1961-63) Adriano Alves Moreira (1924-2024)

 
 
Ministro do Ultramar Joaquim Silva Cunha
 
 
 
Joaquim Silva Cunha (1920-2014), Ministro do Ultramar (1965-1973)

 
Presidente da República Óscar Cramona
 
 
Marechal Óscar Fragoso Carmona (1869-1961), Presidente da República Portuguesa entre 1926 e 1951

 
Presidente da República Craveiro Lopes
 
 
Marechal Francisco Higino Craveiro Lopes (1894-1964), Presidente da República Portuguesa entre 1951 e 1958

 
Presidente da República
 
Almirante Américo Tomás (1894-1987), Presidente da República Portuguesa (1958-1974)

 
 
20. Administração Colonial
 
Acto Colonial 1930
Revisão constitucional de 1951
Estatuto do Indigenato, 1954
Estatuto Político e Administrativo do Estado de Angola
Ministro do Ultramar
Governador Geral
Assembleia Legislativa
Conselho de Governo
Conselho Económico e Social
Secretário Geral
 
Secretários Provinciais
Economia
Planeamento e Finanças
Educação
Saúde
Obras Públicas e Habitação
Comunicações
Trabalho, Previdência, e Acção Social
Fomento Rural
 
Universidade de Luanda
 
Serviços e Repartições do Estado
Tribunais e organização judicial
 
Organização Militar
Chefe do Estado Maior General das Forças Armadas
Exército, Marinha, e Força Aérea 
 
Serviços de Administração Civil
Governadores de Distrito
Municípios
Concelhos e circunscrições de concelho
Postos
Bairros e Freguesias
 
Organização Fiscal
Fazenda e Contabilidade
Alfândega
Organização Financeira
Banco de Angola
Inspecção de Créditos e Seguros
Instituto de Crédito de Angola
Caixa Económica Postal
 
Planos de Fomento
 
Organização religiosa
 
Autoridades tradicionais e direito tradicional


O governador geral era nomeado pelo governo de Lisboa e era responsável pela administreação geral da província, embora não fosse o chefe militar supremo na província, que por sua vez era nomeado pelo ministro da defesa nacional. Os indigitados para o cargo de governador-geral e governador de distrito eram por norma (com algumas excepções) militares de carreiraportugueses. O governador geral era coajuvado na gestão do seu contencioso pelo secretário geral e por oito secretários provinciais (Educação, Saúde, Economia, Planeamento, Obras Públicas, Comunicações, Trabalho (+ Previdência e Acção Social), e Fomento Rural). 
 
Cada secretário provincial era nomeado pelo ministro do Ultramar sob escolha indiciada pelo governador geral, e responsável pela operação das muitas direcções dos serviços provinciais organizados em grupos. Cabia ainda ao governador geral nomear os governadores de distrito e supervisionar o seu trabalho.
 
O governador geral era ainda ajudado por um conselho de governo (mais tarde Conselho Económico e Social) e por um  Conselho Legislativo, composto por alguns membros eleitos indirectamente e a maioria designados pelo governonador geral. Cabia ao Conselho Legislativa apreciar as propostas de diplomas legislativos antes de serem promulgados pelo governador geral.
 

Governadores Coloniais Notáveis 

Pedro Alexandrino da Cunha (1801- 1850)
 
 
Estátua do governador Pedro Alexandrino da Cunha (1801-50), no antigo largo em frente ao edifício dos Correios (CTT), em Luanda.

 
Exploração da costa sul de Angola Moçamedes e Porto Alexandre (Tombwa)
Governador Geral de Angola (1845-48)
Fundou o Boletim Oficial de Angola em 1845
Governador de Macau. Faleceu de cólera em Macau pouco tempo depois de lá chegar.
Implementou a política do Marquês de Sá da Bandeira de abolição da escravatura e conversão de Angola para colónia de exploração de produtos tropicais.  
 
 
António Francisco da Silva Porto (1817-90)
 
 
Nota de Vinte Escudos emitida pelo Banco de Angola em 1956, com o retrato do sertanejo Silva Porto (1817-90) e uma imagem das instalações do porto do Lobito. No verso, a imagem de uma manada de nunces em correria na savana angolana.

 
 
Artur de Paiva


O Coronel Artur de Paiva (1858-1900)

 
Artur José Oriola Ferreira de Paiva (1858-1900). Embarcou para Luanda aos 17 anos de idade, começando a trabalhar no comércio local. Enlistou-se no exército em 1874 ainda muito novo, dois anos antes da idade então permitida.
Campanhas Duque de Bragança, Dembos, Bié, Alto Zambeze, Huíla (Cassinga e Humpata), Cunene, Cuando-Cubango (Ambuelas)
Casou com D. Jacquemina Elisabeth Gertruida Botha de Paiva, filha de Jacobus Friedrik Botha, o famoso líder dos Boers (os Doppers, calvinistas radicais) nas terras da Huíla, criadores de gado vindos do Transvaal, conhecidos pelo seu sentimento muito racista (eles odiavam os povos nativos) e desprezavam os colonos portugueses.
Interesse muito especial na descrição científica apropriada e notável administrador
Recebeu muitas condecorações e foi promovido rapidamente várias na sua carreira militar pelos seus feitos, pois com apenas 42 anos de idade era já coronel do exército.
Faleceu aos 42 anos, a 1 de Outubro de 1900 a bordo do vapor "Portugal", devido a complicações geradas por febres palustres, na viagem com sua esposa a caminho de Lisboa, perto das Ilhas de Cabo Verde. O seu corpo foi lançado ao mar no dia seguinte. 
 
 
Artur José Oriola Ferreira de Paiva (1858-1900)

 
 
O extraordinário legado militar e político de Artur de Paiva compara-se a Luis Lopes de Sequeira (conhecido na história de Angola como o Mulato dos Prodígios). De facto, Angola deve a sua grande extensão territorial principalmente à obra de apenas três militares portugueses: 1) Luis Lopes de Sequeira, que trouxe os antigos reinos do  Congo, Ndongo, e Matamba a fazerem parte do território de Angola (cerca de 8%); 2) Henrique de Carvalho que incorporou a Lunda (cerca de 15%); e 3) Artur de Paiva, que veio juntar ao território da colónia de Angola as extensas terras do Bié, Huíla, Cunene, sul do Moxico, e Cuando-Cubango (perfazendo mais de 60% da área total do território de Angola). 


Henrique de Carvalho
 
 
 
Major Henrique Augusto Dias de Carvalho (1843-1909), explorador da Lunda

 
 
Comissário Régio para Angola Henrique Mitchell Paiva Cabral Couceiro


Comissário Régio para Angola, Coronel Henrique Mitchell Paiva Cabral Couceiro (1861-1944), que governou Angola entre 1907 e 1909

Impulsivo - alcunha de Grande Relâmpago e Paladino
Monárquico ferrenho e católico devoto
Liderou a Revolta monárquica  de Chaves
Castigo de Ndunduma - Incidente da embala de Belmonte que resultou no suicídio de Silva Porto
Comissão militar em Moçambique
Governador de Angola
Dirigiu vários atentados a restaurar a monarquia em Portugal. Exilado para a Espanha e depois para as Ilhas Canárias.


 
Alto Comissário Norton de Matos
 
 
Governador-Geral (1912-1915) e mais tarde Alto-Comissário (1921-1923) para Angola, General José Maria Mendes Ribeiro Norton de Matos (1867-1955)

 
 
Alto Comissário para Angola Engenheiro António Vicente Ferreira (1926-1928)
 
 
Alto Comissãrio para Angola (1926-1928) Coronel António Vicente Ferreira (1874-1953)

 
 
Durante o período mais recente entre 1942 e 1975, Angola teve os seguintes governadores gerais:
 
 
Comandante Álvaro Freitas Morna
 
 
Comandante Álvaro Freitas Morna (1885-1961), Governador-Geral de Angola, de 1942 a 1943
 
 
 
 Comandante Vasco Lopes Alves, Governador-Geral de Angola, de 1943 a 1947
 
 
Comandante Vasco Lopes Alves, Governador- Geral de Angola 1943-47

 
 
 Capitão Agapito da Silva Carvalho (entre 1947 e 1955)
 
 
Governador-Geral Capitão José Agapito da Silva Carvalho (1947-55)



 
    - Secretário Geral Manuel Mascarenhas Galvão, como governador geral interino (1955 - 1956)
 
 
 
Coronel Horácio Sá Viana Rebelo (1956 - 1960) 
 
 
Governador-Geral (1956-1959) Coronel Horácio José de Sá Viana Rebelo (1910-1985)

 
Dr. Álvaro da Silva Tavares (entre Janeiro de 1960 e Junho de 1961)
 
 
 
Governador-Geral de Angola (1960-1961) Dr. Álvaro Silva Tavares (1915-?)

 
General Venâncio Deslandes (entre Junho de 1961 e Setembro de 1962)
 
 
Governador-Geral de Angola, General da Aeronáutica Venâncio Augusto Deslandes (1909-85)

 
Tenente-Coronel Silvino Silvério Marques (entreSetembro de 1962 e Outubro de 1966) (1918-2013)
 
 

 
 
Tenente-Coronel Camilo Augusto Miranda Rebocho Vaz (Outubro de 1966 a Outubro de 1972)
 
 
Governador-Geral Coronel Camilo Augusto de Miranda Rebocho Vaz (1920-1998) governou entre Outubro de 1966 e Outubro de 1972

 
 Engenheiro Fernando Santos e Castro (Outubro de 1972 e Maio de 1974)
 
 
 
O Governador-Geral (1970-1974) Engenheiro Fernando Augusto de Santos e Castro (1922-83)

 
Depois da revolução de 25 de Abril em Portugal e até à data da independência, o título de governador-geral passou a chamar-se Alto Commissário. Os seguintes militares portugueses foram responsáveis pela administração portuguesa durante este curto período:
    - Brigadeiro Joaquim Franco Pinheiro (entre Maio a Junho de 1974)
    - General Silvino Silvério Marques - segundo mandato (entre Junho e Julho de 1974)
    - Almirante António Rosa Coutinho (entre Julho de 1974 e Janeiro de 1975)
    - General António da Silva Cardoso (entre Janeiro e Agosto de 1975)
    - General Ernesto Ferreira de Macedo, (durante Agosto de 1975)
    - Almirante Leonel Gomes Cardoso (entre Agosto e 11 de Novembro de 1975)

De entre estes militares portugueses, destacou-se a acção do Almirante António Alva Rosa Coutinho, que durante o seu brevetermo suportou abertamente o MPLA, em detrimento da FNLA e da UNITA, sendo até conhecido como "Almirante Vermelho".
 
 
Almirante Rosa Coutinho (1926-2010), Alto-Commissário para Angola (entre Julho de 1974 a Janeiro de 1975)
 
 
O último Alto Comissário português para Angola foi o Almirante Leonel Gomes Cardoso, que se retirou de Luanda a 10 de Novembro de 1975.
 
 
Almirante Leonel Gomes Cardoso (1919-1988), último Alto Commissário Português para Angola (Julho a Novembro 1975), discursando momentos antes da partida definitiva das forças portuguesas de Angola, e não entregando o poder a qualquer dos movimentos de libertação.

 
Em 1974, Angola estava organizada em quinze distritos: 
Cabinda (capital em Cabinda), 
Zaire (capital em São Salvador do Congo), 
Uíge (capital em Carmona), 
Luanda (capital em Luanda), 
Cuanza-Norte (capital em Salazar), 
Cuanza-Sul (capital em Novo Redondo), 
Malange (capital em Malange), 
Lunda (capital em Henrique de Carvalho), 
Benguela (capital em Benguela), 
Huambo (capital em Nova Lisboa), 
Bié (capital em Silva Porto), 
Moxico (capital no Luso), 
Huíla (capital em Sá da Bandeira), 
Moçâmedes (capital em Moçâmedes), 
Cunene (capital em Pereira d'Eça), e 
Cuando-Cubango (capital em Serpa Pinto).
 
Os presidentes e vogais dos municípios não eram eleitos pelos residentes dos municípios mas sim apontados pelo governo colonial. 
 
Durante os anos de grande crescimento económico e social, os principais secretários provinciais (melhor dizendo a equipa governativa) foram:
    - Secretário Geral - Dr. Governo Montez (mais tarde Tenente-coronel Koch-Fritz)
    - Secretário provincial de Educação - Dr. José Pinheiro da Silva (mais tarde Dr. Scott Hayworth)
    - Secretário Provincial de Economia - Dr. Eduardo  da Costa Oliveira
    - Secretário provincial da Saúde - Dr. Cardoso de Albuqueque (mais tarde Dr. Fernando Sousa                          Pereira)
    - Secretário Provincial de Planeamento e Finanças - Dr. Walter Marques
    - Secretário Provincial de Comunicações - Tenente-coronel Carloto e Castro
    - Secretário Provincial das Obras Públicas - Engº. Júlio Mestre
    - Secretário Provincial de Trabalho, Previdência e Acção Social - Dr. Teixeira Marques
    - Secretário Provincila do Fomento Rural -  Dr. Vasco Sousa Dias

A responsabilidade de banco emissor assentava no Banco de Angola, que era um banco privado/misto que também oferecia crédito ao governo, municípios, e às empresas e consumidores. As duas maiores companhias privadas em Angola eram a Diamang, que tinha a concessão da exploração de diamantes para a maior parte do território de Angola em regime de monopólio, e os Caminhos de Ferro de Benguela (CFB), que tinha a concessão da exploração da linha de caminho de ferro entre o porto do Lobito e Dilolo (Teixeira de Sousa), onde ligava com os comboios do Katanga.


20. Fauna Selvagem e Proteção à Natureza
 
Parque Nacional da Quiçama - Luanda e Cuanza-Sul
Parque Nacional da Cameia - Moxico
Parque Nacional do Iona - Namibe
 
Reserva Natural Integral do Luando ou da Palanca Preta Gigante - Malanje
Reserva Natural Integral da Cangandala - Malanje
Reserva Natural Integral da Mupa ou da Girafa - Cunene
 
Reserva Parcial do Milando - Malanje
Reserva Parcial do Bicuar - Huíla
Reserva Parcial de Moçâmedes - Namibe
 
Reserva Especial do Hipopótamo - Congo, Cuanza-Norte, Luanda, Cuanza-Sul, e Malanje
Reserva Especial das Palancas - proibida a caça nos concelhos de Porto Amboím, Movo Redondo, Moxico, e no distrito de Luanda
Reserva Especial da Zebra - Concelho de Benguela e circunscrição dos Bundas
Reserva Esecial da Gunga ou Cefo - Concelhos de Dande, Icolo e Bengo, São Paulo (Luanda), Luena, e distritos de Huíla e Namibe
Reserva Especial da Cabra-de-Leque - Concelho de Benguela
Reserva Especial do Nunce - Concelhos de Dande, Icolo e Bengo, São Paulo (Luanda), e Moxico
Reserva Especial da Tua - Concelho do Moxico
 
Coutada Pública do Ambriz - Luanda
Coutada Pública de Mavinga - Cuando-Cubango
Coutada Pública de Luengue - Cuando-Cubango
Coutada Pública do Luiana - Cuando-Cubango
Coutada Pública do Mucusso  - Cuando-Cubango

 

22. Organização Militar

Em termos de administração militar, o chefe supremo era o comandante chefe das forças armadas, por norma um oficial general português, apontado pelo ministro da defesa de Portugal, que operava em colégio com o comandante- chefe do exército, da marinha, e da força aérea. As forças militares portuguesas em Angola estavam organizadas em regiões militares. 

Exército - Região Militar de Angola
Sectores Cabinda, Norte, Centro, Leste, e Sul
 
Marinha
Comando Naval de Angola
 
 
Sede do antigo Comando Naval de Angola, na Ilha do Cabo, Luanda, 1967

 
Força Aérea
2ª Região Aérea
Bases Aérea Nº 3 em Luanda
Aedrómos Base Negage e Henrique de Carvalho
 
 
Organização Provincial de Voluntários e Defesa Civil
 
A Organização Provincialde Voluntários de Defesa Civil de Angola (OPVDCA) foi criada em 1961, um tanto nos moldes da sua congénere, a Legião Portuguesa, como uma milicia para-militar para prover segurança e defesa civil à colheita de café nas fazendas do norte de Angola afectadas pela guerra. 
 
 
Destacamento da OPVDCA prestando defesa militar a uma fazenda de café no norte de Angola, 1960s

 
No início, os voluntários da OPVDCA (que eram na sua grande maioria residentes brancos trabalhando part-time) recebiam uma recruta muito breve e muito básica e eram dotados de armamento muito antigo (espingardas Mauser), 
 
Contudo, ao longo dos anos a OPVDCA tornou-se muito mais professionalizada, passando os seus membros (a maioria dos quais eram voluntários (agora brancos, mestiços, e negros) que tinham completado uma ou mais comissões de serviço militar em Angola) a trabalhar full-time, a receber treino muito mais completo e dotados armamento muito mais moderno, o que fez desta instituição um dos pilares de suporte aos fazendeiros de Café nos distritos do Uíge e Cuanza-Norte. A OPVDCA tinha o seu comando supremo em Luanda, e estava dependente directamente do governador-geral, e não do Comandante-Chefe General das Forças Armadas portuguesas em Angola, nem da PIDE. O seu orçamento era coberto por verbas provinciais. Em 1974, estima-se que o contingente da OPVDCA em Angola rondava os 40.000 voluntários.

 
Organizações militares da PIDE DGS - Flechas e Grupos Especiais (GEs) 
 
 
Um grupo de "Flechas" recebendo treino militar no Sudeste de Angola, 1960s

 
A organização militar dos movimentos de libertação
 
FNLA
 
MPLA
 
UNITA
 

Como elemento central da minha formação como pessoa, devo relembrar aqui o facto de que eu cresci numa colónia em tempo de guerra. Entre 1961 e 1975, em todo o lado e todos os dias se viam soldados e viaturas militares portugueses, se ouviam ou liam os comunicados de guerra, se sentia a repressão da polícia, se sentiam os efeitos da censura na imprensa e nas artes, se temia a acção da temível polícia política PIDE/DGS. 
 
Assim, lembro-me que foi ainda nos liceus Paulo Dias de Novais e Salvador Correia e na Universidade de Luanda que tomei conhecimento do desaparecimento inexplicado de alguns colegas angolanos africanos de cor, dos quais nunca viemos a apurar se tinham sido presos pela PIDE e mandados para a prisão ou para os campos de concentração de São Nicolau (cadeia do Bentiaba em Moçamedes) ou do Tarrafal (em Cabo Verde, mais tarde chamado de Chão Bom), ou se tinham deixado Luanda para se juntarem aos movimentos de libertação que activamente recrutavam membros nas escolas, liceus e universidade em Luanda. 


Treino de Militantes das FAPLA, 1968


21. Organização Religiosa

Igreja Católica
Igrejas Protestantes - Metodistas, Evangélicos, e Baptistas
Religões tradicionais
Credos Sincréticos


Divisão Eclesiástica da Igreja Católica em Angola
 
 
Divisão eclesiástica da Igreja Católica em Angola, 1972

 
Evolução histórica
Padroado e Propaganda Fide
Igreja Católica até 1860 - Jesuítas, dominicanos, Carmelitas, e Capuchinhos
Missões Protestantes estrangeiras - Baptiste Missionary Society, Igreja Metodista em Luanda, Icolo e Bengo e Malange, e Igreja Evangélica no Huambo e Bié
Padre António Barroso e expansão da Igreja Católica no Congo
Acção dos Padres do Espírito Santo
Conferência Episcopal de Angola e São Tomé (CEAST)
A Concordata entre o Estado Português e o Vaticano
O Estatuto das Missões no Ultramar
Expansão da Igreja Católica em Angola - Arquidiocese de Luanda, Dioceses, e Paróquias
Ordens
Missões
Seminários
Organizações de Leigos - Opus Dei, Cursos de Cristandade, e Cursos de Vida Apostólica 
 
Outras igrejas sincréticas em Angola
Quibanguismo
Watch Tower
Tocoismo - Simão Toco
 
 
22. Progresso Económico e Social
 
Devo ainda lembrar aqui que eu cresci num período (1961-75) em que a economia de Angola deu um salto muito grande. Em apenas quinze anos, Angola passou de uma colónia atrazada para uma das economias mais prósperas e dinâmicas em África. A descoberta de petróleo em Cabinda e exploração de ferro mais racional das minas de Cassinga (Jamba), ao mesmo tempo que a Diamang aumentava a exploração de diamantes na Lunda, e a consequente abertura ao investimento estrangeiro, rápida industrialização, oportunidade ampliade de emprego, melhoria das condições de vida para a grande maioria, rápida escolarização, novas escolas, hospitais, estradas asfaltadas ligando (quase) todos os cantos eram evidência dessa nova era de prosperidade. 
 
 
Funeral de soldado português morto em combate no norte de Angola, 1963
 
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Casal de idosos, recentemente chegados da Metrópole, visitam pela primeira vez a campa de seu filho militar morto em combate em Angola

 
Funeral em Cabinda de oito militares portugueses mortos em combate pelas FAPLA na região do Miconge (Maiombe), em 1965.

 
Conjuntura Económica
 
 Contudo, certos problemas estruturais continuavam a esperar por melhores dias, como a integração dos africanos na economia, dependência do café, diamantes, e petróleo, dependência das importações, inequidade na distribuição do rendimento, questão das transferência cambiais, o problema da terra e a mão-de-obra agrícola, o custo da guerra, a questão racial, e a corrupção continuavam a ser desafios não resolvidos. 
 
 
O grande dinamizador da economia angolana, Dr. Jorge Eduardo da Costa Oliveira (1933-2016), Secretário Provincial de Economia (1961-73)

 
O milagre económico de Angola que ocorreu entre 1961 e 1974 foi obra de todos, pois viviam-se tempos em que tudo (e todos) viam o futuro como próspero. Contudo, entre muitos outros, foi o duo Dr. Costa Oliveira (1933-2016) e Dr. Walter Marques (1936-2009), ambos economistas e secretários provinciais, que planearam a estratégia de desenvolvimento econonómico que gerou essa prosperidade. A obra em dois volumes do Dr. Walter Marques "Problemas do Desenvolvimento Económico de Angola" publicada pela Junta de Desenvolvimento Industrial em 1964 e 1965 é tida como o primeiro esforço organizado em inventariar os recursos e oportunidades e gizar uma estratégia baseada em polos de desenvolvimento regional para todo o território de Angola. Por outro lado, o legado do Dr. José Eduardo da Costa Oliveira foi mais como gestor/técnico da aparelhagem administrativa do estado em facilitar e liderar o processo de desenvolvimento económico acelerado de Angola entre 1962 e 1974.
 
Cabe ainda referir aqui a extraordinária obra do Dr. José Pinheiro da Silva , natural de Cabinda, que liderou a Secretaria Provincial de Educação nos anos mais críticos da rápida escolarização, e que veio abrir o futuro para milhões de angolanos. O Tenente-Coronel Engenheiro Carloto de Castro, secretário provincial das Comunicações e Obras Públicas também desenvolveu uma acção muito relevante com  a expansão da rede de estradas asfaltadas que nos princípios da década de 1970 já ligava a grande maioria das capitais de distrito. 


Sistema Financeiro

 
Política Monetária e Controle Financeiro
 

Nota de 500 Angolares emitida pelo Banco de Angola em 1927



Inspecção Geral de Créditos e Seguros

Problema das transferências - Decreto lei 471-71


Bancos e Instituições de Crédito

Banco de Angola - Banco de capital misto estabelecido em 1926 com o objectivo de corrigir a crise monetária e fiscal que se vivia em Angola - Substituiu o Banco Nacional Ultyramarino como banco emissor, banco de pagamentos do estado, e banco comercial

Bancos privados:
 
Banco Comercial de Angola

Banco de Crédito Comercial e Industrial

Banco Totta Standard

Banco Pinto e Sotto Maior


Banco de Fomento Nacional

Instituições de crédito (não depósitos)
 
Instituto de Crédito de Angola

Caixa de Crédito Agro-Pecuário

Caixa Económica Postal
 
Montepio Geral de Angola

Instituições mutualistas de crédito à habitação
Cooperativa "O Lar do Namibe"
Cooperativa "A Nossa Casa"

Companhias de Seguros

Nacional de Angola

Tranquilidade

Guarantia África

Fidelidade Atlântica
 
Companhia de Seguros Angolana


Planos de Fomento
Primeiro
Segundo
Terceiro
Plano Intercalar de Fomento
Quarto

Sectores Económicos

Agricultura e Pecuária

Indústrias Extractivas

Indústrias Transformadoras

 

O empresário Manoel Vinhas (1920-1976), do Grupo CUCA

Transportes e Comunicações

Construção Civil

Banca, Moeda, Crédito, e Seguros

Comércio Interno

Comércio Externo

Turismo

 

Contas do Governo

Receitas

Impostos

Despesas

Déficits

Dívida Pública

 

Demografia


Clima

Regiões Naturais

Orografia

Regime de chuvas

Temperatura


Regiões Económicas

Luanda

Cabinda

Planalto do Congo e Malange

Seles e Amboím

Lunda

Planalto do Central - Huambo e Bié

Planalto da Huíla

Baixa Tropical - Moxico e Cuando Cubango

Bacia do Cunene

Orla Costeira

Deserto de Moçâmedes

 

Sistemas de Produção

Camponês / Tradicional

Pequeno Produtor

Produtor Médio

Produtor Empresarial

 

Companhias Majestáticas

Diamang

Ernesto Jardim de Vilhena

 

Ernesto Jardim de Vilhena (1876-1967), fundador e administrador da Diamang (1920-66)

  xxxxx

 

Major Bento Esteves Roma (1884-1953), chefe da campanha militar portuguesa que resultou no castigo severo do povo Quioco, na ocupação efectiva da Lunda e consequente exploração diamantífera, Governador da Lunda, Moxico, e Cuando-Cubango, e Governador-Geral (Interino), em 1930.
 

Companhias de monopólio de fomento colonial

Cotonang

Caminhos de Ferro de Benguela

Companhia do Assúcar de Angola

Companhia do Cassequel

Companhia de Cabinda

SONEFE

Hidro-Eléctrica do Alto Catumbela


Estrutura Produtiva

Sector Tradicional

Agricultura

Madeiras

Pescas

Pecuária

Indústrias Extractivas

Comércio

Serviços

Turismo

Energia

Electricidade

Petróleos

 

Transportes

Terrestres colectivos

Caminhos de Ferro

Transportes Aéreos - domésticos e internacionais

Navegação e Cabotagem

 

Comunicações

Cabo submarino, Telégrafo, e Telefones

Estradas, portos, e ligações aéreas

 

Comércio Externo

Importação / Exportação

Banca, Finanças, e Seguros

Preços e Inflação

Razões de Troca entre mercadorias exportadas e importadas