1 - Viagem Pela História de Angola

Uma viagem através dos tempos, povos, personagens e acontecimentos que moldaram a História de Angola.

Nome:
Localização: Cranbrook, Colômbia Britânica, Canada

Helder Fernando de Pinto Correia Ponte, também conhecido por Xinguila nos seus anos de juventude em Luanda, Angola, nasceu em Maquela do Zombo, Uíge, Angola, em 1950. Viveu a sua meninice na Roça Novo Fratel (Serra da Canda) e na Vila da Damba (Uíge), e a sua juventude em Luanda e Cabinda. Frequentou os liceus Paulo Dias de Novais e Salvador Correia, e o Curso Superior de Economia da Universidade de Luanda. Cumpriu serviço militar como oficial miliciano do Serviço de Intendência (logística) do Exército Português em Luanda e Cabinda. Deixou Angola em Novembro de 1975 e emigrou para o Canadá em 1977, onde vive com a sua esposa Estela (Princesa do Huambo) e filho Marco Alexandre. Foi gestor de um grupo de empresas de propriedade dos Índios Kootenay, na Colômbia Britânica, no sopé oeste das Montanhas Rochosas Canadianas. Gosta da leitura e do estudo, e adora escrever sobre a História de Angola, de África e do Atlântico Sul, com ênfase na Escravatura, sobre os quais tem uma biblioteca pessoal extensa.

segunda-feira, agosto 21, 2023

1.9 Férias em Cabinda, Serviço Militar, Princesa do Huambo, e Adeus a Angola


Praia de Cabinda, a sul da Missão Católica


 

Amigo Leitor - Para ler os meus outros blogs visite o Roteiro de Viagem. Obrigado.

 

27. Férias em Cabinda

 
Cabinda encantou-me desde o primeiro minuto que a vi - a floresta frondosa do Maiombe, as boas praias, o seu povo franco e aberto, e a presença de muitos estrangeiros a trabalhar nos poços de petróleo da Cabinda Gulf Oil no Malembo. Naturalmente, interessei-me pela sua história, pela sua economia, e pela sua situação especial no quadro social, político e administrativo de Angola. Contudo, o que mais tenho saudade é dos sons de música congolesa pela noite fora das rebitas situadas nos "povos" (vizinhanças, sanzalas) à volta da cidade. Cabinda à noite oferecia uma "paisagem" especial, pois os poços de petróleo ao largo do mar ardiam permanentemente (para queimar o sobreproduto do gás natural), o que davam uma cor laranja às noites mais claras, à custa de uma descarga pesada de anidrido carbónico (CO2 - dióxido de carbono) para a atmosfera, e contribuindo assim para o aquecimento global. 
 
O território de Cabinda era um exclave a norte da foz do rio Zaire, portanto desligado do resto do território de Angola. Perto que se situava da linha do equador, o clima de Cabinda era equatorial, com vegetação muito densa a norte (a floresta do Maiombe), e um pouco mais esparsa a sul. 
 
 
Um Pouco de História de Cabinda
 
História pré-colonial
 
Cabinda, a antiga Tchioua, foi durante séculos o povoado principal do antigo reino do Ngoio, que como os antigos reinos de Cacongo (Malembo e Lândana), e Loango era independentes do antigo reino do Congo. Nos tempos da escravatura, o porto de Malembo foi um dos portos principais de exportação de escravos para São Tomé, Brasil, Caraíbas, e Américas. A presença portuguesa em Cabinda foi muito ténue até 1783 quando o forte português foi destruído por um ataque francês.

Escravatura
Capital da antiga província do Congo
Tratados de Similambuco,
Café, madeiras, cacau, e petróleo
MPLA e FLEC
Presença militar portuguesa


Mulher Fiote (de Cabinda), 1971


Como resultado da Conferência de Berlim (partilha de África, em 1884), o porto de Cabinda ficava situado no que se chamava a Bacia Convencional do Zaire, e assim a importação de mercadorias era isenta de taxas aduaneiras.
 
Uma vez em Cabinda, o meu Pai ofereceu-me nessa altura três livros acerca de Cabinda (No Mundo dos Cabindas, e Filosofia Tradicional dos Cabindas (em dois volumes), ambos da autoria do Padre José Martins Vaz, e Cabindas - História, Crença, Usos e Costumes, da autoria do Padre Joaquim Martins, que me ajudaram a melhor compreender a história e a cultura desse povo tão especial. 
 

Vista do Largo da Igreja e Camara Municipal de Cabinda


Com mais tempo em casa dos meus pais durante as férias, li grande parte da obra de Jorge Amado (o escritor predilecto do meu Pai), que me abriu os olhos à situação de pobreza crónica do povo do Nordeste Brasileiro, e que me ensinou a saborear a sua mestria pela palavra escrita, e a sua sabedoria sobre o universo mágico e tropical da grande mistura que era o Nordeste do Brasil. Da obra de Jorge Amado, gostei em especial das obras "A Seara Vermelha", "Os Subterrâneos da Liberdade" I (Os Ásperos Tempos) e II (Agonia da Noite), e III (A Luz no Túnel), "ABC de Castro Alves", "São Jorge dos Ilhéus" e "Capitães da Areia". Através de Jorge Amado aprendi a gostar do Brasil e aprendi a influência que os escravos de Angola tiveram na formação do Brasil, e como os seus descendentes continuavam a ser explorados pelas classes dominantes. 


O escritor brasileiro Jorge Amado (1912-2001)


Li ainda a obra completa de Soeiro Pereira Gomes, que simplesmente adorei, da qual destaco "Esteiros", escrito "para os filhos dos homens que nunca foram meninos", um grande mestre do realismo social português da década de Quarenta (1940's).
 

O escritor português Soeiro Pereira Gomes (1910-1949)

 
A minha irmã Dilar que também vivia em Cabinda nessa altura tinha uma colecção de discos muito boa, pelo que passei muitas tardes a ouvir a música clássica e latino-americana que mais gostava. Como posso esquecer"O Mercado Persa" (a música preferida da minha Mãe), de Albert Ketelby, a "Sinfonia do Novo Mundo", de Anton Dvorjak, e as obras primas de Wolfgang Amadeus Mozart, Ludwig van Bethoven (5ª Sinfonia), Robert Wagner (Cavalgada das Valquírias), Pietr Tchaikovsky (Abertura de 1812), e Edvard Grieg (Na Gruta do Rei da Montanha)? E as tardes inteiras que passava a ouvir os Machucambos?

Ilha do Mussulo, paraíso às portas de casa, 1950s


Para além das terras onde vivi, em férias ou em excursões, competições desportivas, ou ainda em visita a casa de família de amigos, eu tive a oportunidade de visitar muitos lugares em Angola, incluindo as principais povoações e cidades nos distritos de Cabinda, Zaire, Uíge, Luanda, Cuanza Norte, Cuanza Sul, Malange, Huambo, Bié, Benguela, Moçamedes e Huila. Visitei lugares históricos, praias maravilhosas, florestas impressionantes, planícies que se estendiam para além do horizonte, montanhas que me faziam sentir pequeno, e rios e quedas de água de uma beleza que não consigo descrever, que tudo em conjunto me faziam questionar os limites da beleza natural do planeta em que vivemos. Angola era mesmo uma terra de sonho.
 

O pensador português Bento Jesus Caraça (1901-1948)


Quando fiz 22 anos a minha amiga e colega Manuela Moura deu-me o livro de "Conferências e Outros Escritos" de Bento Jesus Caraça, que li por completo nas férias em Cabinda, e cujos pensamentos me acompanharam para o resto da minha vida. Uma obra excepcional de um pensador ainda mais excepcional. Bento Jesus Caraça (1901-1948), foi um matemático português licenciado pelo Instituto Superior de Ciências Económicas e Financeiras (Lisboa 1923) e professor catedrático no campo de matemática foi, um defensor e promotor da difusão da ciência e da cultura e talvez o mais informado crítico à ditadura do Estado Novo e mais perseguido por Salazar durante as décadas de 1930 e 40 em Portugal. A sua visão do mundo e o lugar do homem na sociedade ajudaram-me a firmar a minha visão do mundo para o resto da minha vida.

Ainda em Cabinda conheci a minha querida amiga Maria João Gomes, nessa altura estudante finalista do curso de Serviço Social (do Instituto de Educação e Serviço Social Pio XII em Luanda), que, com outras colegas, estava empenhada em preparar um trabalho final de curso (Seminário sobre Planeamento do Desenvolvimento) orientado pelo Dr. Zenha Rela sobre um esquema de planeamento regional - o Plano Calabube - para o Distrito de Cabinda. Planeamento regional e desenvolvimento económico foram para mim na Universidade dos temas que mais me interessaram (eu era um dos melhores alunos nessas cadeiras), de forma que com grande prazer a ajudei a minha querida amiga Maria João no muito pouco que podia, a enquadrar o factor económico na estrutura do Seminário.
 
 
Baixa de Cabinda, 1968
 


28. O Golpe de 25 de Abril
 
O golpe militar do 25 de Abril levado a cabo pelo MFA (Movimento das Forças Armadas) foi uma surpresa para todos em Angola; contudo, não era completamente inesperado. 

A guerra colonial que Portugal travava em três frentes em África durou mais que o dobro da Segunda Guerra Mundial, e fez muitos milhares de mortos entre portugueses e africanos. Só do lado português sabemos que 8.831 soldados portugueses morream no conflito, aos quais se juntaram mais de 30.000 feridos, 4.500 mutilados e 14.500 deficientes físicos, e mais de cem mil soldados diagnosticados com perturbação de stress pós-traumático. Para uma população de cerca de 10 milhões, estes números atestam o elevado custo que a guerra colonial custou a Portugal.

Era do conhecimento geral as dificuldades que o governo português enfrentava em continuar uma guerra muito cara em três frentes distantes e sem apoio popular; sendo assim mais uma questão de "quando" em vez de "se" havia de acontecer, e ainda sob pressão internacional crescente. Embora numa boa posição militar em Angola, Portugal enfrentava uma derrota eminente na Guiné, e uma guerra cada mais difícil na forma de uma derrota possível em Moçambique, o que rendia a presença portuguesa em África como não sustentável no longo curso. 


O 25 de Abril de 1974 - Revolução dos Cravos
Largo do Carmo, Lisboa


Assim, quando a Revolução dos Cravos desabrochou, obteve imediatamente o suporte da grande maioria do Povo Português, apesar de ter sido recebida com certa apreensão nas colónias. Como sabemos, a Revolução de Abril foi uma revolução genuína, pois substituiu em Portugal a ditadura fascista do Estado Novo pela democracia parlamentar multi-partidária. 
 
Em pouco mais de um ano, Portugal desfez-se do seu dispositivo militar extenso, de instituições políticas antiquadas, e desfez-se do seu imenso império ultramarino, voltando-se, pequeno e pobre, para a Europa, depois de mais de cinco séculos de vocação ultramarina. 
 
 
Primeira página do jornal "a província de Angola"
                                    anunciando o golpe de estado de 25 de Abril de 1974

 
 
No que respeita a Angola, a Revolução de Abril abriu o caminho para a sua independência. Angola não estava preparada para assumir a independência política imediatamente devido às divergências profundas entre os movimentos de libertação, e o povo angolano acabou por pagar um preço excessivamente alto pela oportunidade que se lhe tinha sido oferecido pelo Movimento das Forças Armadas (MFA). A sua posição estratégica na África central e Atlântico Sul e (mais) as suas riquezas minerais levaram Angola a transformar-se num peão no xadrez global da Guerra Fria, e como tal, num gigante teatro de uma guerra fraticida que havia de durar ainda mais vinte e sete anos, em que viriam a morrer mais de um milhão de angolanos, e que destruiu toda a sua infra-estrutura económica e social deixada pelos Portugueses, deixando cicatrizes profundas na sua memória social. 
 
 
29. Serviço Militar
 
Já com 24 anos, fui chamado a prestar serviço militar obrigatório no Exército Português, e fiz a minha recruta de oficial miliciano na Escola de Aplicação Militar em Nova Lisboa (EAMA), de Junho a Setembro de 1974. Entretanto o meu Pai tinha falecido inesperadamente em Cabinda a 23 de Maio do mesmo ano. Terminei a minha especialidade em intendência (logística) em Luanda, e em Janeiro de 1975 fui colocado como aspirante na divisão de abastecimento de combustíveis da Chefia dos Serviços de Intendência em Luanda (em frente ao Palácio do Comércio, hoje prédio do Ministério das Relações Exteriores).


Eu como recruta do Curso de Oficiais Milicianos,
na Escola de Aplicação Militar de Angola (EAMA),
em Nova Lisboa, Setembro de 1974


Em Abril de 1975 fui graduado em Alferes e destacado para o Comando de Sector de Cabinda para ajudar o Capitão Luz na substituição do Capitão Júlio Maneta, amigo do meu Pai, que tinha ido pouco antes para o Brasil. A minha experiência militar foi mínima, mas em Cabinda (a cidade onde os meus pais viveram durante alguns anos, e onde o meu irmão Rui ainda vivia) tive o privilégio de trabalhar no esforço de construir um exército nacional angolano unificado a partir dos três exércitos dos movimentos de libertação, tarefa impossível, como se pode imaginar. 

 
Eu quando prestava serviço militar em Cabinda


Contudo, lembro-me do afinco com que me dediquei a esta importante tarefa, e lembro-me também do que aprendi no lidar do dia-a-dia com um número grande de unidades militares portuguesas e dos movimentos de libertação então espalhadas pelo distrito. Saído ainda fresco da universidade, o meu destacamento em Cabinda foi um embate de choque para mim, pois ter que responder à responsabilidade de garantir alimentos, medicamentos, tabaco, cerveja e outras bebidas alcoólicas, caixões e munições a um exército de cerca de sete mil homens em retirada não foi tarefa fácil. 
 
Eu não tive outra alternativa senão aprender bem, e aprender depressa. Como no resto de Angola, os movimentos de libertação estavam em guerra aberta entre si, e Cabinda não foi excepção. Assim, o papel do Exército Português em Cabinda entre Julho e Outubro de 1975, resumiu-se a tentar trazer os movimentos de libertação à mesa de negociações, tentar construir consenso, tentar evitar conflitos, e recolher corpos de vítimas espalhados pela cidade e arredores na manhã seguinte a conflitos entre os movimentos na noite anterior. 
 
Não posso esquecer que numa noite em que sabíamos que iam haver combates nos arredores da cidade, convocamos os representantes dos três movimentos de libertação para uma maratona de negociações que durou a noite inteira e quase esvaziou os ricos stocks de whisky e conhaque da mansão (tinha 14 quartos de dormir!) de convidados da residência do Administrador da Companhia de Cabinda, mas que salvou a cidade de mais combates e mortes, contudo não salvando os dirigentes dos exércitos dos movimentos dos efeitos nefastos de uma memorável "torcida". 
 
 
30. Princesa do Huambo
 
Nos primeiros dias de Setembro de 1975 regressei a Luanda para casar a 16 de Setembro com a minha Princesa do Huambo (Estela Monteiro), de Nova Lisboa (Huambo), só tendo que voltar a Cabinda por uns dias, e então regressar definitivamente a Luanda em meados de Outubro. O nosso casamento foi simples pois a maioria dos nossos familiares e amigos já não estavam em Luanda, e não havia muito que comprar em termos de iguarias de festa de casamento. Contudo, a Ivone e o Ilídio, irmã e cunhado da Estela, tudo fizeram para que tivessemos uma festa farta e memorável. 
 
 
No dia do nosso casamento - Luanda, 16 de Setembro de 1975

 
31. Adeus a Angola
 
Entretanto, a minha Mãe e as minhas irmãs Paula e Ema tinham já partido para Portugal e a minha irmã Dilar e família tinham também já partido para o Brasil; só o meu irmão Rui teimava em ficar em Cabinda. Os meus sogros tinham ido também para Portugal, directamente de Nova Lisboa, e os meus cunhados tinham entretanto ido para o Canadá, pelo que em Angola, só ficámos eu e o meu cunhado Ilídio em Luanda, e o meu irmão Rui em Cabinda.


Retornados de Angola, 1975


Desde os grandes combates de Julho de 1975 entre os movimentos de libertação, Luanda depressa se transformou numa cidade de caixotes. Era desolador ver uma cidade maravilhosa a esvaziar-se dos seus habitantes, pois cada dia que passava havia menos gente nas ruas, menos coisas para comprar (as prateleiras das casas comerciais estavam vazias, os restaurantes estavam fechados por falta de alimentos), a inflação cada vez mais incontrolável, e mais caixotes nas ruas ou nos cais à espera de embarque.

A ponte aérea esvaziou Luanda ainda mais depressa. Por fim, em Setembro a Universidade de Luanda fechou, e em Outubro Luanda parecia já uma cidade deserta e sem vida. Entretanto, os combates entre as FAPLA e o ELNA a norte de Luanda (Caxito e Quifangondo), e entre as forças cubanas e sul-africanas no centro do país, atingiram uma intensidade nunca vista, o que aumentou a angústia de muitos que viram na saída do país a sua única solução; assim, muitos angolanos que não tinham ideias de partir, deram conta de si como parte da multidão que diariamente deixava Angola com destino a vida incerta em lugar desconhecido.


Restos de estátuas coloniais em Luanda, 1976


Tal como Axel Munthe e a sua vila San Michele, eu tive o meu sonho em Angola. Em 1974, a minha irmã Ema, dava aulas na escola técnica da Vila Nova (Huamboa), a cerca de uma hora de carro a leste de Nova Lisboa, e eu fui várias vezes visitá-la. Nos arrabaldes da Vila Nova, havia uma antiga casa, já desabitada e em ruínas, com uma nora de água, sobre o leito do rio Cutato que cortava a propriedade, que me encantou desde o primeiro momento que a vi. Assim, sonhei adquirir a pequena propriedade, restaurá-la e tê-la como casa de campo/férias para o resto da minha vida, pois a beleza e o bucolismo do lugar ficaram para sempre comigo. Infelizmente, por força das circumstâncias de ter saído de Angola, não pude nunca concretizar esse maravilhoso sonho, o que não quer dizer que o sonho não havia de ficar comigo para sempre até ao resto dos meus dias...
  
E assim amigos, como muitos, deixei Angola para sempre, a minha querida pátria, sem dizer sequer adeus, na noite escura de 7 de Novembro de 1975 para nunca mais voltar.

    Adeus Angola

        Vou agora para um mundo que não conheço
        Adeus desertos, florestas, e anharas 
        Adeus praias, pôres-do-sol e palmeiras
        Adeus leões, elefantes, e kissonde

                Adeus amigos do coração
                só em memória nos encontraremos
                em breves mas eternos momentos
                Não vamos nunca deixar de estar juntos

                        Adeus futuro que não chegaste
                        Adeus passado que não partiste
                        Adeus hoje que não existe
                        Adeus para sempre!

                                Adeus, minha Angola Minha
                                que não nos vamos tornar a ver
                                Hoje é nunca, é o ultimo dia
                                Dia em que a saudade começa e nunca acaba



Uma miragem sublime - Meandros do rio Cunene
nos confins do deserto do Namibe, a caminho da sua foz misteriosa